O Intrépido Livreiro e Suas Crônicas: Um Olhar Afetuoso Sobre os Livros e a Vida
Por décadas, José Luiz Tahan construiu sua reputação como livreiro em Santos, transformando balcões de livrarias de rua em espaços vibrantes de troca cultural e intelectual. Agora, com seu livro de estreia, “Um Intrépido Livreiro nos Trópicos – Crônicas, Causos e Resmungos”, ele convida os leitores a adentrar o universo singular que habita, onde os livros não são apenas mercadorias, mas companheiros, reflexos e desafios de uma realidade tropical repleta de complexidades.
A Voz do Livreiro
Em um mundo literário cada vez mais mediado por algoritmos e comércio eletrônico, Tahan emerge como uma voz quase nostálgica – mas longe de ser conformista. Ele é o livreiro que narra suas histórias com o olhar afiado de quem observa a vida do outro lado do balcão, revelando a humanidade que habita os gestos mais simples de seus clientes, sejam eles aficionados por livros ou meros transeuntes curiosos. A escrita flui com a naturalidade de uma conversa, alternando momentos de humor, introspecção e, por vezes, melancolia.
Crônicas de Resistência
As crônicas de Tahan celebram as livrarias de rua como espaços de resistência cultural. Ao mesmo tempo em que relatam causos pitorescos – como clientes que confundem a livraria com um ponto de apostas –, elas também se debruçam sobre questões mais profundas: o impacto do fechamento de livrarias físicas, a relação do público com os livros e o papel da literatura em tempos de crise.
No texto que dá título ao livro, por exemplo, Tahan descreve o cotidiano do livreiro como um ofício quase heróico, demandando resiliência em um país onde o ato de ler ainda enfrenta desafios estruturais e sociais. Contudo, sua abordagem evita qualquer traço de amargura. Pelo contrário, ele encontra na prática do livreiro não apenas um meio de subsistência, mas uma missão cultural.
A Tradição da Crônica Brasileira
A escrita de Tahan se insere em uma longa tradição de cronistas brasileiros que transitam entre o humor e a crítica social, evocando ecos de Rubem Braga e Carlos Drummond de Andrade. Contudo, sua peculiaridade reside no ponto de vista: o balcão da livraria como palco de encontros improváveis e de uma humanidade que insiste em se manifestar, mesmo nos gestos mais corriqueiros.
Uma Reflexão Sobre o Futuro
Ao final, “Um Intrépido Livreiro nos Trópicos” não é apenas uma celebração dos livros, mas também uma provocação. Tahan questiona o futuro das livrarias em um mercado literário cada vez mais dominado por gigantes digitais. Sua reflexão, contudo, não carrega pessimismo; é um chamado à ação, um convite para que os leitores redescubram o prazer de entrar em uma livraria de rua, conversar com um livreiro e, quem sabe, encontrar algo que nunca souberam que procuravam.
Um Livro Para Todos Nós
José Luiz Tahan não se contenta em ser apenas um narrador; ele é, também, um anfitrião. Suas histórias nos levam a refletir sobre o papel do livreiro, das livrarias e, sobretudo, dos livros em nossa sociedade. Ao terminar a leitura, não há como não sentir a urgência de visitar uma livraria de rua, como a Realejo Livros, e experimentar em primeira mão o que Tahan tão eloquentemente descreve: a magia do encontro entre leitores, livros e histórias.
“Um Intrépido Livreiro nos Trópicos” é mais do que uma estreia literária; é um manifesto sobre a importância da cultura, do livro e da convivência humana. Uma leitura indispensável para todos que já se perderam – e se encontraram – entre as estantes de uma livraria.
Lançamento do livro “Um Intrépido Livreiro nos trópicos”
Bate-papo seguido de sessão de autógrafos.
José Luiz Tahan entrevistado por João Gabriel de Lima.
Na Livraria da Travessa de Lisboa.
Rua da Politécnica, 46.
Príncipe Real.
Dia 28 de janeiro às 19h