Em meio às vastas esplanadas de Brasília, com seus monumentos arquitetônicos que pareciam desafiar a própria noção de tempo, Luís de Camões caminhava pensativo. A cidade, uma fusão de concreto e sonhos, era um espetáculo à parte, um cenário quase tão épico quanto os que ele descrevera em seus versos. A brisa suave balançava as árvores, trazendo um alívio para o calor típico do cerrado brasileiro.
Olhando para o imenso céu azul que se estendia acima do Congresso Nacional, Camões refletia sobre as ironias do destino. Em sua época, exploradores partiam de Portugal para descobrir novos mundos; agora, ele próprio era um explorador em terra estranha. A língua que ele ouvia ao seu redor era-lhe familiar, mas ao mesmo tempo tão diferente, enriquecida por séculos de história e influências de inúmeras culturas.
Em cada palavra que escutava, Camões percebia as marcas do tempo, a evolução da língua que ele tanto amava. Por um momento, ele se perguntava o que seus contemporâneos pensariam desta nova versão do português, tão viva e dinâmica.
Ao passar pela Catedral de Brasília, com suas colunas curvas apontando para o céu, Camões sentiu uma conexão com o divino, lembrando-se dos versos que dedicou aos deuses em “Os Lusíadas”. A religiosidade ainda era parte integrante da vida das pessoas, mas de uma forma que ele mal reconhecia.
Enquanto observava as pessoas ao seu redor, cada uma imersa em seus próprios afazeres e pensamentos, Camões refletia sobre a universalidade da experiência humana. As paixões, os medos e as esperanças que ele testemunhara em sua época ainda pulsavam no coração da humanidade, mesmo neste mundo tão diferente do seu.
O poeta, então, sentou-se à beira do Lago Paranoá, olhando para as águas calmas. Ele sabia que, apesar de todas as mudanças, algo permanecia constante: a capacidade humana de sonhar, de criar e de buscar o desconhecido. E foi com essa reflexão que Luís de Camões começou a compor novos versos, uma ode a este novo mundo que, de alguma forma, ainda era o seu.