A passagem de Luís de Camões por Coimbra durante seus anos de estudante universitário teve um impacto significativo em sua formação literária e intelectual
Coimbra, uma cidade com profundas raízes históricas e um legado intelectual imenso, representa um marco inegável na vida de Luís de Camões, o célebre poeta português. Este importante centro acadêmico e cultural ofereceu não apenas um palco para o desenvolvimento de suas proezas artísticas, mas também um cenário vital para a sua imersão nas correntes de pensamento renascentista que varriam a Europa em seu tempo.
Naquela época, ideias inovadoras sobre ciência, arte e filosofia floresciam, e Coimbra era um foco irradiador destes novos conceitos, propiciando a Camões um ambiente repleto de estímulos intelectuais. O poeta teve a oportunidade de absorver o espírito de questionamento e a valorização do individuo que caracterizaram o Renascimento.
Além disso, sua formação na Universidade de Coimbra, uma das mais antigas e prestigiadas da Europa, foi crucial. Ali, Camões teria tido acesso a uma rica diversidade de textos clássicos e contemporâneos e ao convívio com mentes brilhantes da época. Isso lhe proporcionou um vasto conhecimento em diversas áreas, além de permitir o aprendizado de línguas estrangeiras, o que ampliou significativamente suas referências culturais e literárias.
A sua passagem pela universidade também foi essencial para o estabelecimento de conexões com outros intelectuais, o que enriqueceu ainda mais sua perspectiva e inseriu sua obra num contexto mais amplo de diálogo artístico e cultural. Os laços que Camões cultivou neste ambiente acadêmico, e as discussões em que se envolveu, sem dúvida moldaram a sua escrita e o ajudaram a produzir uma obra que ainda hoje é considerada uma das mais importantes da literatura em língua portuguesa.
A influência de Coimbra em seu desenvolvimento como poeta é indelével; o ambiente intelectual estimulante e diversificado da cidade foi fundamental para o amadurecimento de Camões, não só como estudioso, mas como um dos maiores expoentes da poesia portuguesa, cuja obra culminou no épico “Os Lusíadas”, espelho da grandeza e da complexidade não só de Portugal, mas também do espírito humano.
Como isso impactou a sua vida e obra foi o objeto da conversa na casa da cidadania em Cpimbra entre José Carlos Seabra Pereira, Maria Bochicchio e José Manuel Diogo
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José Seabra Pereira, destacada figura no meio académico português, consolidou o seu legado como docente emérito após uma carreira repleta de contribuições significativas na Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra. Além de marcar a vida de numerosos estudantes com sua expertise em literatura e cultura portuguesas, Pereira exerceu um papel vital como coordenador científico do prestigioso Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos.
Sua presença ativa não se confinou apenas aos corredores da Universidade de Coimbra, mas também se estendeu ao seu envolvimento com o Conselho Geral da instituição, onde seu ponto de vista e conhecimento especializado foram fundamentais nas tomadas de decisões estratégicas. Pereira não só foi pioneiro ao assumir a curadoria da Casa da Escrita, uma instituição dedicada ao estudo e à celebração do ato literário, mas também tem contribuído de maneira valiosa como consultor e supervisor. Sua orientação e fiscalização em diversos projetos de pesquisa financiados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia evidenciam o seu compromisso com o avanço do conhecimento e com a integridade científica em Portugal.
Seu papel como consultor e supervisor tem permitido que a investigação em literatura portuguesa ultrapasse as fronteiras do conhecimento tradicional, fomentando o surgimento de novas perspectivas e entendimentos. José Seabra Pereira é, sem dúvida, uma fonte de inspiração para seus colegas e alunos, e um pilar na perpetuação da rica herança literária portuguesa.
VISTA DO AUDITÓRIO
Maria Bochicchio, uma erudita notável e multifacetada nos domínios da filologia e crítica literária, tem desempenhado um papel influente no campo dos estudos lusófonos, especificamente à luz do seu trabalho como coordenadora da linha de investigação de poética e retórica no respeitado Centro Interuniversitário de Estudos Camonianos. Seus interesses acadêmicos são vastos e aprofundados, sobretudo na análise da influência e impacto da obra de Luís de Camões, poeta icónico da língua portuguesa, na modernidade.
Ela está imersa na recepção crítica e criativa das obras do poeta, o que envolve um mergulho profundo na sua adoção, transformação e reverberação ao longo dos tempos, uma área de estudo conhecida como hermenêutica camoniana. Além disso, Maria dedica-se à investigação heurística, ecdótica e intertextual, que inclui abordagens tematológicas e um detalhado comentário filológico. Este é um trabalho que exige meticulosidade e uma capacidade ímpar de cruzamento entre diversas fontes e contextos.
Nos últimos anos, Maria Bochicchio tem se concentrado em trazer a lume as obras de poetas portugueses contemporâneos. A divulgação dessa literatura ajuda a construir pontes entre o passado glorioso do cânone literário português e as expressões atuais da poesia no país. Isso denota uma dedicação não só aos grandes mestres, mas também aos talentos emergentes da contemporaneidade.
Outro aspecto digno de ênfase no seu trabalho é a atenção às problemáticas inter-artísticas, investigando como a poesia e outras formas de arte interagem e influenciam umas às outras. Este âmbito de pesquisa amplia o entendimento de como a literatura se entrelaça com a música, as artes visuais, o cinema e outras manifestações culturais, estabelecendo um fértil diálogo que transcende gêneros e disciplinas.
A contribuição de Maria Bochicchio para os estudos literários e culturais é, portanto, inestimável, revelando uma paixão indelével pela literatura portuguesa e uma incessante busca pela compreensão das suas múltiplas dimensões.
ALGUNS DOS PRESENTES
José Manuel Diogo é a figura central por trás do influente e visionário projeto denominado “200 anos, 200 livros”, uma iniciativa que destaca dois séculos de literatura luso-brasileira, selecionando um espectro amplo de obras significativas que ajudam a mapear a evolução cultural e política entre Portugal e Brasil. É igualmente reconhecido pelo seu papel na conceituação da “cidadania da língua”, aproximando os falantes de português através de uma identidade comum na diversidade de suas expressões.
Diogo não só molda o pensamento atual por meio das suas publicações como escritor mas também contribui para o debate intelectual e a análise crítica como colunista da prestigiada “Folha de São Paulo”, um dos jornais mais influentes do Brasil. As suas contribuições frequentemente exploram temas contemporâneos, entrelaçados com perspectivas históricas e culturais, o que o torna uma voz relevante e respeitada no panorama dos média brasileiros e portugueses.
Além de seu trabalho como escritor e colunista, Diogo assume um papel crucial na comunidade luso-brasileira como presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos. Esta associação, criada no bicentenário do início das relações diplomáticas bilaterais, visa estreitar os laços entre os dois países e amplificar o intercâmbio cultural e educacional. Sob sua liderança, procura-se não só comemorar mas também refletir sobre o passado compartilhado e fomentar um futuro colaborativo entre as nações de língua portuguesa.
Finalmente, como curador da casa da cidadania da língua, José Manuel Diogo é responsável por preservar e promover o patrimônio linguístico comum. Essa faceta de seu trabalho destaca a importância de uma “casa” que acolhe as várias variantes do português, celebrando assim a riqueza e a unidade dentro da diversidade do idioma falado por milhões ao redor do mundo. Através deste compromisso com a cultura e a língua, Diogo continua sendo um defensor vigoroso da relevância histórica e contemporânea das relações luso-brasileiras.
As conversas da Casa da CIdadania da Língua tem a parceria da Camara Municipal de Coimbra