O húngaro László Krasznahorkai foi anunciado nesta quinta-feira como o vencedor do Prêmio Nobel de Literatura de 2025, reconhecimento máximo da Academia Sueca por uma obra que, segundo o júri, “em meio ao terror apocalíptico, reafirma o poder da arte”. Autor de romances densos, de longas frases e estrutura quase hipnótica, Krasznahorkai é conhecido por explorar o colapso moral e espiritual da modernidade com um lirismo singular.
Nascido em 1954 na cidade de Gyula, na Hungria, Krasznahorkai estudou Direito e Filologia antes de se dedicar integralmente à escrita. Tornou-se conhecido internacionalmente com Satantango (1985), romance que ganhou adaptação cinematográfica pelo cineasta Béla Tarr — parceiro de longa data também em As Harmonias de Werckmeister (baseado em A Melancolia da Resistência). Suas obras, traduzidas em mais de 30 idiomas, formam uma meditação sobre o fim dos mundos: o da fé, o da razão e o da esperança.
A escolha da Academia é vista como um reconhecimento da persistência da linguagem literária num tempo dominado por algoritmos e pela comunicação instantânea. Krasznahorkai, com seu estilo de fluxo contínuo e suas frases de páginas inteiras, desafia o leitor a desacelerar, a pensar e a sentir — em contraste com a velocidade fragmentada do mundo digital. Sua vitória representa, assim, não apenas um prêmio individual, mas uma afirmação de que a literatura ainda pode ser uma forma radical de resistência espiritual.
Em 2025, quando a incerteza geopolítica e a crise ambiental atravessam o planeta, a escolha de Krasznahorkai ressoa como um lembrete de que a arte tem o poder de enfrentar o caos com complexidade e beleza. Ao lado de nomes como Imre Kertész, outro Nobel húngaro, ele consolida uma linhagem literária que encontra no desespero o ponto de partida para a transcendência.

